Estudo aponta boas perspectivas do luxo e traz insights sobre temas como sustentabilidade e metaverso
Um recente levantamento do Comité Colbert da França confirma que o mercado de luxo se recuperou, voltando aos níveis pré-pandemia, e prevê um crescimento de 6% para US$ 517 bilhões em 2026. “A resiliência deste setor é enorme”, disse a diretora executiva do Comité Colbert, Bénédicte d’Epinay.
Realizado em parceria com o BCG, o estudo focou no futuro da indústria de luxo, considerando temas como sustentabilidade, comunicação, artesanato, globalização e metaverso. Leia abaixo alguns dos principais pontos.
Uma das descobertas é que as empresas do luxo têm grandes oportunidades na área da sustentabilidade, não apenas para liderar mudanças em toda a indústria, mas para usá-la como um motor de crescimento. Muitos clientes já assumem que o luxo é sustentável, mesmo que os números não confirmem isso. Mais de 66% dos consumidores acreditam que o luxo é sustentável por natureza, e 80% deles acham que as marcas devem estar envolvidas no ciclo de vida do produto, incluindo a oferta de serviços de reparo e a reciclagem de produtos e materiais antigos, além da criação de canais de vendas de produtos de segunda mão e da facilitação da rastreabilidade e autenticação do produto.
O luxo perdeu algumas vantagens competitivas à medida que as marcas de massa fizeram progressos precoces na comunicação pela internet. As empresas que antes sempre prezaram pela discrição e o ar de exclusividade agora têm de abrir as suas portas para se distinguirem dos concorrentes do mercado de massas.
“A principal oportunidade é falar mais porque a realidade do negócio de luxo é que as marcas se comunicam principalmente sobre seu produto, sobre sua criação, sobre suas coleções, e não se comunicam tanto sobre a empresa”, disse Joel Hazan, diretor-gerente do BCG. Ele ainda aponta a necessidade das empresas falarem mais sobre suas ações de abastecimento, fabricação ou ambientais – por exemplo, reduzindo o uso de pesticidas, já que as empresas de massa quase não abordam esses temas, por estarem muito mais preocupados com suas operações básicas”
Hazan também falou que o mercado de revenda crescerá nos próximos três anos, tendo um aumento de 13% ao ano, em comparação com apenas 5% para bens de luxo em primeira mão – e deverá valer US$ 52 bilhões até 2025. Um dos principais desafios nessa frente é conciliar a raridade e novidade com bens de segunda mão. “Enquanto muitas marcas de luxo acreditam que a revenda pode canibalizar seu mercado, as marcas podem transformar isso em uma oportunidade”, disse Hazan. “O apetite do consumidor por produtos de segunda mão é indiscutível e não vai parar. Daqui a cinco anos o mercado será tão grande que seria bobagem não fazer parte dele”.
Soluções de tecnologia, como blockchain, podem ajudar a aliviar algumas dessas tensões, pois as marcas poderão acompanhar todas as transações e, finalmente, receber uma comissão – o que significa ganhar dinheiro – de cada transação. “É possível criar incentivos financeiros para que as marcas de luxo aceitem, reconheçam e facilitem esse mercado”. O Blockchain e o NFTs também servem como a espinha dorsal da Web3, onde as marcas de luxo devem começar a apostar agora.
Uma parcela crescente do processo de tomada de decisão está se movendo online. E embora o mercado de NFTs possa estar caindo de um pouco de excesso de exuberância financeira, eles estão aqui para ficar – pelo menos para as marcas de luxo, já que os jovens clientes querem se expressar digitalmente ou no metaverso.
“Luxo e NFTs contam com vários conceitos comuns que os tornam compatíveis: raridade, inovação, senso de pertencimento e, de forma mais geral, um vínculo com a cultura”, disse Pierre-Emmanuel Angeloglou, diretor de missões estratégicas, moda e artigos de couro da Louis Vuitton. Os nativos digitais veem o futuro no metaverso, com 64% acreditando que permitirá a descoberta de marcas de luxo e 59% acreditando que substituirá o uso das mídias sociais.
Embora os jovens queiram descobrir marcas de luxo, não querem necessariamente trabalhar para elas. Um dos principais problemas enfrentados pela indústria de luxo é a falta de trabalhadores. Até 65% das posições de ofício ficam vagos, de acordo com os números de 2021. LVMH , Chanel e Hermès estão entre as empresas que criaram programas para atrair jovens para carreiras em artesanato.
A Europa pode ser o coração da indústria de luxo, mas enfrenta desafios como um mercado em crescimento, pois é “mais sensível ao preço do que outros”. Existem mais oportunidades em mercados em desenvolvimento, como Índia, Vietnã, Tailândia e Oriente Médio, e as marcas devem estabelecer uma presença lá, mas o principal motor de crescimento continuará sendo a China. “E isso é um desafio, porque ninguém pode se dar ao luxo de investir paralelamente em 10 mercados, e nenhum desses mercados será no curto prazo, ou mesmo no longo prazo, do tamanho da China. O desafio é poder investir profundamente em todos eles, porque, do contrário, alguém fará isso”.
À medida que as marcas enfrentam pressões inflacionárias, muito disso será repassado em aumentos de preços. Até agora, a China tem se mostrado disposta a enfrentar altas de preços, junto com Japão, Oriente Médio e, especialmente, Estados Unidos – mesmo com as flutuações do mercado de ações. Acrescentou Hazan: “No último ano e meio, a propensão a comprar nos EUA era insana. Se você observar os preços ao consumidor em todas as categorias de luxo, como hotelaria, nos EUA eles ainda estão dispostos a pagar muito”.
*Com informações de Comité Colbert , BCG e CPP Luxury